domingo, 30 de agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

a última foto


Duane Michals – última página do Photo Poche

terça-feira, 11 de agosto de 2009

a última página

“Perdoa-me, perdoa-me a falta de forças, o cansaço, os meus quarentas anos, a pouca esperança e a nenhuma alegria... perdoa-me, porque não regressarei sem ti ao inocente bosque da infância. E dentro de mim tudo voltará a acender-se como os ossos à noite, nos cemitérios de automóveis.

E no centro duro da cidade, um grito. Nele morrerei, escrevendo o que a vida me deixar. E sei que cada palavra escrita é um dardo envenenado, tem a dimensão de um túmulo, e todos os teus gestos são uma sinalização em direção à morte – embora seja absurdo morrer.

Mas hoje, ainda longe daquele grito, sento-me na fímbria do mar. Medito no meu regresso. Possuo para sempre tudo o que perdi. E uma abelha pousa no azul do lírio, e no cardo que sobreviveu à geada. Penso em ti. Bebo, fumo, mantenho-me atento, absorto – aqui sentado, junto à janela fechada. Ouço-te ciciar amo-te pela primeira vez, e na tênue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo. Recolho o mel, guardo a alegria e digo-te baixinho: Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge

Al Berto – última página de Lunário.


“Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes. [...]

Fecho os olhos, agito a cabeça para repelir a visão que me exibe essas deformidades monstruosas.

A vela está quase a extinguir-se.

Julgo que delirei e sonhei com atoleiros, rios cheios e uma figura de lobisomem.

Lá fora há uma treva dos diabos, um grande silêncio. Entretanto o luar entra por uma janela fechada e o nordeste furioso espalha folhas secas no chão.

É horrível! Se aparecesse alguém... Estão todos dormindo. [...]

E eu vou ficar aqui, às escuras, até não sei que hora, até que, morto de fadiga, encoste a cabeça à mesa e descanse uns minutos.”

Graciliano ramos – última página de S. Bernardo.

grafias

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

domingo, 2 de agosto de 2009