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sábado, 4 de julho de 2009
quando as imagens não dão gosto de ver
Roland Barthes, A Câmara Clara
sexta-feira, 3 de julho de 2009
rapaz comum
Mano Brown, malicioso e realista, está aqui, com os pés no chão. Sua mente vaga, ele mostra e assume sua precariedade, sua ambigüidade. Ele é gente. Sua letra é sua arma e ele visa não virá-la contra ele. Mas olhe, pelo que já ouvi, ele é um moço perplexo. Idealista, crente, meio pai, meio pastor ele é, fazer o que? Mas ele consegue divertir com conteúdo, seus companheiros sempre nessa com ele: pensando e se divertindo e aos “irmãos”. Lembrei dele: Viver, viver: essa é a meta!
O que me prova que ele não foi consumido: ele está vivo! Ele quer viver!
No contexto dele, nas letras de seu grupo, tudo que um negro pode fazer para degradar ainda mais sua raça é condenável. No lugar de ofertar-se como objeto do racismo, eles dizem que é melhor optar por honrar-se. A cor, a história, o lugar de origem.
É isso: tudo o que contradiz o imaginário pós moderno em que histórias e afetos precisam ser reduzidos. Porque muito pior que a pós modernidade é precisar bancar a imagem de pós moderno. Os outros, talvez os mais novos, devem achar que são 'pós'. Então, delicadeza, gentileza, amizade, companheirismo, tudo isso é muito 'oldfashion'.
Claro, sei que os rappers constituem grupos, querem militantes e militam. Mas bancam sua opinião com propriedade e implicação. A história de dificuldades e exclusão não impede Mano Brown de ter orgulho de si. Ele pode consumir, ele pode, sem perceber se dar a consumir. Mas não nos deixa roê-lo.
O que podemos dizer?
Será que não poderíamos dizer: Nós o matamos!
Será que dizer isso, ao comentar a morte do ídolo pop Michael Jackson, seria absurdo?
Penso que não.
A ilusão do sucesso e do dinheiro como garantias de uma vida, e de uma vida feliz faz, de histórias como a dele, mitos. Histórias que tentam explicar porque um astro milionário e talentoso pode tornar-se, nas mãos, olhos, ouvidos, bocas e dentes de seu consumidor, um resto, uma ruína.
Me estranha imensamente as revistas que o vangloriam, que tentam faze-lo um belo standard da fama. Como se me dissessem assim: é mentira que ele foi massacrado pelo pai, que ele estava sem sua face, sem sua cor, sem sua voz, sem seu corpo. Um destituído.
A música de antigamente era bem bacana, mas atualmente, ninguém lembrava dele.
Mas ele morreu, ele é pop, ele é conhecido por todo o planeta, logo temos que sofrer, lembrar. Tudo bem, no início até me voltei àquelas lembranças da presença dessa figura na minha vida, no meu pensamento. Lembrei de ouvir Bily Jean cantado por Caetano e sempre gostar, ouço muito ainda.
Lembrei dele criança e gostei do que vi. Um pequeno rapaz negro cheio de suingue, uma ebulição musical. Ali, ainda que esmagado pelo pai terrível ele era muito mais razoável e quem sabe mesmo, nessa época apenas, ele tenha sido feliz.
Já cheguei a pensar que ele era delirante, um louco a achar que é o Peter Pan, a comprar coisas estranhas e produzir notícias estranhas e confusas.
Ontem, todo mundo escrotizava o cabra, era um pedófilo, louco, vaidoso e racista.
Hoje, dizem que ele estava deprimido, dependente há muito de analgésicos, vítima da depressão, de outras doenças. Ele fez um acordo para livrar-se de um processo por pedofilia. Agora, porém, aguardemos. Mostram-no sem nariz, com o rosto desfigurado.
O que se evoca aí? Tenho a impressão, ao ver o rosto com o nariz roído que se pede para rirmos do trágico de nosso tempo. Quem o roeu: a vaidade, o vitiligo, uma doença, o consumo?
O pop é muito louco: não precisa de mensagem, é mera diversão. Efeitos, cores, sons, gestos, palcos. Vazios de qualquer outra coisa que não cumpra a função de celebrar a sensualidade mais rasa.
Oco de tanto ser pop, fico aqui elocubrando se ele não poderia ter pagado uma eutanásia. Seu corpo não se calou! Estava insuportável! Me lembro de Edith Piaf pedindo à heroína o silêncio do corpo. Mas o corpo grita!
Pode ter sido um louco perverso, ou uma pessoa sofrida, desorganizada em meio a tanta imagem, tanta especulação, tanta exposição do que poderia ter ficado ainda íntimo, sem a visão da câmera onipresente que o consumiu.
Lembro do pop star americano e penso que ele já não devia querer viver mais. Talvez imensos shows não fossem os motivos suficientes para manter o desejo de viver.